20080302

Évora...


"Se quiseres alguma coisa cá de Évora é só dizeres..." disseram-me.

"Humm... quero a calçada, quero o templo de Diana iluminado à noite... quero as capas negras e os magálas... quero as noitadas com direito a passagem no Manel dos Potes... quero as esplanadas nas noites quentes, e a chuva a bater no vidro da sala de aula... quero os crepes e os batidos da colher de chá e os encontros na praça do Giraldo... quero o solinho de meia estação quando estamos no nosso relvado e as sombras das oliveiras nos dias de verão... quero as noites de estudo (e muita conversa pelo meio) e os trabalhos de grupo na biblioteca (que nunca consegue manter um momento de silêncio)... quero aqueles abraços colectivos quando alguém precisa de uma força... quero os pequenos-almoços a correr e as frequências feitas no auditório (mas só essas, sabe-se lá porquê)... quero as conversas dentro do carro e os miminhos e massagens quando não há nada para se fazer... quero os croissants com chocolate dos amigos... quero as folhas douradas dos plátanos caidas pelo chão... quero as noites de tunas no barué... quero as surpresas de anos com bolo celíaco... quero a planície alentejana, os prados verdes com o pôr-do-sol a acompanhar...
Consegues meter isso tudo dentro de um saco e trazer para mim sff?"

Sinto-me uma priveligiada, pois conheço Portugal de norte a sul e todos os locais por onde passei trago comigo, imagens que não desaparecem sem mais nem menos, odores, sabores, cores... todos eles permanecem em mim... Não deixo de ser muito fiel às minhas origens, como é óbvio...
Mas o Alentejo, principalmente Évora terá sempre aquele encanto... ainda agora saí de lá (temporariamente, em Setembro lá estaremos de novo) e já se sente aquela saudade...

Isto tudo ajuda a mostrar como o ser humano é um ser descontente...
Quando temos algo não lhe damos o devido valor, só quando nos afastamos é que percebemos realmente a falta que nos faz... É pena só darmos o devido valor quando não temos, quando perdemos algo, quando nos afastamos...

(Palavras diferentes das que costumo partilhar, mas sei que haverá mais quem sinta, sem dúvida alguma, o mesmo que eu...)

5 comentários:

Unknown disse...

Como te compreendo. É dificil, mas é isso que faz de nós seres humanos. Se pensarmos bem, nós andamos cá pra os outros que hão-de vir, partilharem aquilo que construimos.

Unknown disse...

Como te compreendo...é uma parte de nós que lá fica. Basicamente é isso. E dps sempre ke nos lembramos, lembramo-nos das esquinas, das pedras da calçada molhada, do cheiro da terra, do cheiro das folhas, da cor, da luz que existia na rua, na praça, na esquina. lembramo-nos de tudo menos o dia. O dia n sabemos, mas o ke importa isso, se o ke realmente importa foi o termos vivido. lembramo-nos das pequenas coisas ke mais ninguem se vai lembrar pk n pres tou atenção, mas vai ficar na nossa memoria. De um pequeno gesto, de um pequeno sorriso maléfico, de um momento de cumplicidade, de um momento em que fomos felizes, e o futuro já se ri, de como eram momentos simples dum quotidiano ke ja nao existe.

Sol disse...

"Eu não sei que tenho em Évora, que de Évora me estou lembrando... E ao passar o rio Tejo as ondas me vão levando, e ao passar o rio Tejo as ondas me vão levando...
Ceifeira que andas à calma, é à calma ceifando o trigo. Ceifa as penas da minh'alma, ceifa-as e leva-as ctg, ceifa as penas da minh'alma, ceifa-as e leva-as ctg. E abalei do Alentejo, olhei para trás chorando, Alentejo da minh'alma tão longe me vais ficando... Alentejo da minh'alma tão longe me vais ficando..."

Quero o cheiro de Évora quando chove (como é q uma cidade cheira tanto a terra molhada?), quero o sol a pique da hora de almoço, quero os trabalhos de grupo e a falta de horas de sono, quero as frequências de seguida e a culpa cá dentro por faltar às aulas de manhã... Quero o frio que faz de manhã, as bolhas (flictenas menina, flictenas)nos pés dos sapatos do traje, as cantorias na Sé, os banhos na fonte, as tunas e as serenatas... Quero a queima das fitas e as noites quentes do Verão, quero a Praça e a Pull e o raio dos pombos e as castanhas assadas ao portão do hospital! Quero os nossos bichos e as compras para a casa, quero as folhas os dossiers, as secretárias onde ninguém se entende... Quero a cadeira da ponta da penúltima fila do lado direito, quero os crepes celíacos e as conversas nos carros e onde mais calha... Quero as portas de Moura e a Sé... O Colégio do espírito Santo, as Portas de Avis e o Manel dos Potes! Quero traçar a capa e comer tiras de milho! Quero as lágrimas salgadas, os sorrisos rasgados! Quero os meus magníficos e as bananas... Quero a praxis e as noitadas! As noites de estudo que eu nunca aguento! Quero a calçada, o cheiro e o sabor! Cidade Moura, cidade Rainha... Évora tem aquele encanto de cidade de velha, perdida no tempo, com gente nova em cada esquina! Menina dos meus olhos é de ti que me estou lembrando...

poeta_rural disse...

respondo ao mail em breve...ainda não tive tempo para a resposta =X (vida de estudante não dá descanso)
***

Cosworth disse...

olá susaninha tomei a liberdade de copiar do teu blog um comentario que tens sobre a cidade de évora que esta simplesmente mágnifico.espero que não te importes e desde já te agradeço e te dou os meus sinceros parabens.
como tambem ficas convidada a visitar o meu blog e a fazer parte da iniciativa deste meu blog,passo o endereço: http://passageirovirtual.blogspot.com/ visita e ficarás a entender a filosofia deste blog e o que se pertende com filosofia dele.
um grande beijinho se me premites pelas tuas mágnificas palavras de tão bela Cidade.
Passageiro_virtual